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Rancho da Praça - Real Coro e Toxos e FrolesEm 15 de Julho de 1935 actuava pela primeira vez, dentro das festas na honra do Marquês de Amboage, o Rancho das Rendilheiras da Praça, de Vila do Conde. Os seus cantos e danças, na desaparecida Praça de Touros, deixa uma grata lembrança entre os ferrolanos.
No ano 1958, tem lugar a primeira actuação do Real Coro e Toxos e Froles em Portugal, concretamente na localidade de Oliveira de Azemeis. Na sua passagem por Vila do Conde, a agrupação do Toxos, com o seu presidente Ricardo Nores Castro são recebidos com carinho pelas gentes do Rancho da Praça, e nomeadamente por um dos seus directivos, Albino dos Santos Ferreira e Adroaldo Gonçalves de Azevedo, revivendo a camaradagem entre ferrolanos e vilacondenses.
Em Abril de 1959, Toxos e Froles convida o Rancho da Praça para participar numa festa folclórica no Teatro Jofre e de novo são renovados os laços de amizade. Em Agosto do mesmo ano o grupo folclórico de pescadores "Caxinas e Poça da barca" actua nos festejos de Verão.
Em Junho de 1960 o Coro nomea sócios de honra ao Rancho da Praça e ao de Caxinas e Poça da Barca. Nesse mesmo ano Toxos e Froles é convidado a participar nas festas de São João, do Verão de 1960.
Continuando com essas amigáveis trocas musicais, o Rancho da Praça torna ao Ferrol no ano seguinte. Os seus componentes são recebidos na Câmara pelo Presidente da mesma e diversas representações locais.
Na celebração do São João de 1969 voltam os Toxos a Vila do Conde e, no mesmo ano, desfruta-se mais uma vez no Ferrol, com danças e cantos do Rancho da Praça, já na altura o melhor embaixador de Vila do Conde, que decorridos uns meses recebe o Presidente da Câmara, o Toxos e Ricardo Nores. Este futuro cronista da cidade do Ferrol , sugere a ideia da geminação Jaime López, vereador e também presidente do Toxos. A iniciativa é aceite de forma unánime pelo Coro, mas não vai avante.
De novo, em 1970, devolve o Toxos a visita para amenizar as festas de verão. Os coristas recebem o cálido cumprimento da Câmara Municipal. Em Agosto desse ano, volta mais uma vez o rancho, em companhia do vice-presidente da Câmara, a actuar no palco das festas do Ferrol.
Aproveitando estes encontros, em que está presente Ricardo Nores, torna a retomar a sua proposta, que será impulsionada por Jaime Pérez Rodriguez, vereador de Cultura.
Para perpetuar tão entranhável relacionamento entre o Rancho da Praça e o decano dos coros galegos, bem como o sincero carinho semeado com a passagem dos anos entre a gente de ambas as cidades, o Toxos e Froles solicita, em Abril de 1972, ao Presidente da Câmara do Ferrol, Rogelio Cenalmor Ramos, que uma rua da cidade leve o nome de VILA DO CONDE . Ao mesmo pedido adere Ricardo Nores.
Da Comissão Municipal de Cultura, a proposta é elevada formalmente à Presidência da Câmara e à Comissão Municipal Permanente. Iniciam-se os trâmites correspondentes para levá-la a bom termo. No entanto, a necessidade de actualizar o "Regulamento de Honras e Distinções", adia o projecto.
Em Dezembro de 1972, uma delegação ferrolana desloca-se para comunicar oficialmente ao vice-presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde, José Maria Bompastor, o acordo da Câmara do Ferrol de dar o nome da vila a uma das ruas do Parque residencial Camilo Alonso Vega.
Em Junho desse mesmo ano, o Plano Municipal acorda por unanimidade conceder a medalha de prata da cidade do Ferrol ( a maior distinção que permite o regulamento ) ao Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde.
Nos dias 26 e 27 de Maio de 1973, faz-se realidade o desejo de geminação nascido no ambiente popular de duas cidades Atlânticas e marinheiras, com tradições históricas de comum identidade e fortes laços de amizade semeados ao longo do tempo.
Na tarde do dia 26, chega à Praça de Espanha uma longa caravana de carros, com uma nutrida representação popular de vilacondenses, junto dos grupos do Rancho da Praça, Rancho do Monte, Rancho de Retorta, Corpo de Bombeiros Voluntários de Vila do Conde e a sua Banda de Música, de representantes dos Grémios e das Associações, presididos por diversas autoridades de Vila do Conde e do distrito do Porto, junto do Cônsul geral de Espanhan nessa capital portuguesa. Entre o clamor de amizade de centos de ferrolanos, que os acompanham pelas ruas, os membros da comitiva são recebidos no Palácio Municipal, onde o Presidente da Câmara, Rogélio Cenalmor lhes dá as boas vindas e dirige-se ao Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde com as seguintes palavras:
"É costume na nossa Espanha, nos momentos em que uns visitantes ilustres chegam a uma cidade, entregar ao seu representante a chave da cidade visitada. Mas hoje nenhuma das cidades tem chaves, assim vou entregar ao representante de Vila do Conde a vara do governo desta cidade, tão certo de que saberá cumprir com jeito a sua missão, durante os dias de hoje e amanhã, em que será presidente da Câmara desta cidade".
Já de noite, celebra-se uma velada foclórica no Parque Municipal, e na manhã do dia 27, alvoradas e marchas musicais pelas ruas, amenizadas pelos distintos grupos de música, percorrem a cidade. Ao meio-dia tem lugar o acto de descobrir a placa que dá o nome de VILA DO CONDE a uma rua do novo bairro de Caranza.
Na recepção da mesma, o representante da vila portuguesa agradece o acto com estas sentidas palavras:
"A Galiza e o Minho são duas províncias com tão íntimas afinidades históricas, de costumes e de paisagens, tendo vivido em inteira unidade e falado a mesma língua durante largos anos, que permanecem ligados pelas mais afectuosas relações.
Galego, ao entrar no Minho, como o minhoto ao entrar na Galiza, persuadem-se instintivamente que estão em sua casa, na intimidade dos seus familiares, fraternalmente ambientados.
No dizer sugestivo de um poeta minhoto, a Galiza e o Minho, apesar de separados, são como dois namorados que para casarem só lhes falta o consentimento dos pais(...)."
Depois de encerrada a cerimónia, celebra-se um banquete de despedida. No transcurso do mesmo, o presidente da Câmara recebe a Medalha de ouro da Câmara Minicipal de Vila do Conde. Já de tarde, a comitiva empreende viagem de volta, com a esperança de que no dia 23 de Junho, coincidindo com as festas da cidade portuguesa possa corresponder a tantas mostras de carinho e celebrar o dia de Ferrol em Vila do Conde.
Em fins de Maio, a Câmara Municipal, "considerando o fidalgo e afectuoso tratamento que foi dispensado a todos o vilacondenses", acorda transmitir ao povo ferrolano a expressão do nosso agradecimento".
Em princípios de Junho, recolhe-se na acta da Câmara o acordo da Câmara do Ferrol, de conceder a medalha de Prata ao Presidente José da Silva e, ao mesmo tempo, a concessão a prepetuidade do título de "Filho adoptivo da cidade do Ferrol" a todos os presidentes da Câmara, a partir do actual titular, como legítimos representantes do povo vilacondense.
Numa reunião ordinária, do dia 5 de Junho de 1973, a Câmara Municipal, "aprova por unanimidade inaugurar uma avenida de El Ferrol del Caudillo, como recordação do povo de Vila do Conde ao povo do Ferrol".
No meio dia de 23 de Junho, coincidindo com as festas em honra de São João Baptista, os vilacondenses enchem completamente as ruas para dar uma cálida bem vinda aos seus irmãos ferrolanos. A ampla comitiva dirige-se ao Palácio da Câmara, acompanhada pelos sons dos grupos folclóricos locais e do Toxos, da "Juventud Claret", dos "Coros y Danzas de la Seccion Femenina" e dos "Boy Scouts". Logo a seguir, tem lugar no salão nobre da Câmara Municipal de Vila do Conde a recepção oficial de um amplo grupo de autoridades, entres elas o Cânsul de Espanha no Porto e o Cônsul de Portugal na Corunha. O Presidente da Câmara Rogélio Cenalmor, recebe, entre aplausos, a chave de ouro da cidade. Pela noite oferece-se a todo o povo e convidados um espectáculo de música e dança, iluminado pelas sessões de fogo de artifício. Na manhã do dia 24 (feriado), é inaugurada oficialmente a "Avenida de Ferrol".
( Continua ... )